Não é nada se não for tudo

Um passo de cada vez.
Cada história em sua prateleira.
E o ciúme entre elas.

Sua demora.
Sua pressa.
Meu tempo, que corre diferente.

Para mim, é sempre por amor. Sempre foi.
Chegou aqui muito antes de alcançar aí.
Mesmo com todos os erros. 
(os meus e os seus)

"Você merece a culpa que carrega?"

A intensidade é minha, eu sei.

Você gravou seu nome aqui dentro?
Vai ficar. Junto com o cheiro, o gosto e as vírgulas.

Fez por merecer cada sorriso? Cada loucura?
Parabéns. Pouquíssimos foram os que conseguiram.

Meus sonhos.
Minhas palavras.
Minha história.

Fica quem quer.
Quem se atreve.
Quem deseja com a alma.

"Quando um mora no outro"




Não dá mais para mergulhar onde a água secou. Onde tudo ficou cinza, a gente junta as últimas forças e renasce. Mas antes, morre por dentro. A cada dia, um pouco mais. A cada hora, um pouco menos. Deixa os sonhos irem embora pela porta da frente. E vira de costas para a vida não ver que você chora. Desaba com os castelos que construímos juntos.

O muito aqui de dentro agora só me afoga. Transborda e escorre junto com os sorrisos, as recordações, os quereres. Já nem se lembra mais onde tudo começou. Onde dois viraram um. Onde um virou metade do que sobrou. Só o amor não basta. Ele, sozinho, não pode com o ego, com o orgulho, com o desgaste, com os outros, com todos os erros. Mas, de tão imenso que é, ficou sem lugar. Sem a quem pertencer.

Inconsequente, ele. Teima em respirar onde não há mais vida. E sobrevive, não se sabe exatamente de que jeito. Persistente, ele. E insolente. Se esconde, se apega, se mostra. Sofre sozinho no meio da rua, no canto da sala, no meio do nada. Escancara onde menos se espera. Sem lar, pede abrigo nas noites em que a nossa estrela brilha mais forte. (Aquela, que procuramos no céu até hoje.) Sem sono, sem fome, sem cor. Sem tempo, se aproveita de todos os segundos relapsos. Guerreiro de uma luta que não começamos. Solitário nesse emaranhado de mágoas sem fim.

Machucado, se encolhe no peito, com medo de ser esquecido. Soluça para ser ouvido. Se estica para ser notado. Pede desculpas pelos nossos erros. E chora, pensando em todas "aquelas coisas lindas que nunca existirão". Todos os sonhos, os desejos, as certezas, as conquistas. Resseca, a cada lágrima derramada. Inconsolável, lamenta o ponto final na vida linda que construímos.